terça-feira, 8 de maio de 2012

Conto: A sombra da morte


Não é fácil ter 17 anos, principalmente quando você não se encaixa em lugar algum. Minha mãe em seus últimos dias de vida, lutando contra a leucemia, sempre dizia: para todo problema existe uma solução. Lógico que eu me perguntava: como ela pode dizer isso se está morrendo? Talvez eu nunca descubra o real significado dessa frase.  

   Depois que ela se foi, sofri muito durante meses, mas finalmente tomei forças e levantei, afinal precisava ir à escola, chegando lá ainda muito abatida me deparo com Luke um rapaz alto branco e de porte atlético seus olhos pareciam penetrar no mais profundo do meu ser, e a partir daquela manhã eu sabia que algo mudou dentro de mim, pois comecei a ver Luke como um refrigério para minha alma angustiada, Luke me ajudou a esquecer de todos os meus problemas com seus beijos acalentadores e ao mesmo tempo frios e distantes. Depois de alguns meses de namoro fui encontrar Luke No gramado da escola, porém o que vejo me deixa em choque, encostados em uma árvore estavam Luke e Amanda se beijando. Meus olhos se abriram e finalmente percebi que eu não passava de um brinquedo em suas mãos, não podendo suportar uma decepção desse porte corri com lagrimas nos olhos para casa e me tranquei no meu quarto, meu local de refugio e deitada na beirada da janela fiquei admirando a lua que cintilava azulada para mim, de repente sinto o ar ao meu redor ficar gélido e ao olhar para trás me deparo com uma figura encapuzada me observando, abafo um grito de horror e pergunto quem é você?


   E ela me diz suavemente: eu sou a morte a liberdade da qual seu coração tanto anseia, eu realmente fiquei apavorada, mas alguma coisa naquela figura me dava uma sensação de alivio, de dentro da capa ela tirou um baú com a tonalidade mais negra do que o mais escuro céu noturno sem estrelas e colocou-o em minhas mãos, ao abri-lo vejo que guardava três objetos um punhal prateado com uma pedra de rubi no meio, uma corda e um frasco de veneno, a morte me mandou escolher entre os três objetos e decidi, pois pelo punhal passando lentamente pelos pulsos, logo meu sangue começou a jorrar com uma tonalidade escarlate, fiquei admirando enquanto aos poucos minhas forças foram se esvaindo, minha visão ficando embaçada e percebendo que logo todo aquele sofrimento teria fim esboço um pequeno sorriso. Morrer é fácil viver é muito mais complicado, foi uma das ultimas frases ditas pelos meus lábios e logo lá estava eu pronta para seguir a morte enquanto a luz azulada da lua presenciava toda aquela cena.  Finalmente entendi a frase dita por minha mãe no final da sua vida, para todo problema existe uma solução, e a solução para o meu problema era a morte, agora deixo esta vida menos angustiada, pois sei que todos ficarão bem sem mim.

Mas algo atrapalhou o silencio profundo na qual eu me encontrava, abri os olhos com muita dificuldade e lá estava Luke chorando sobre o meu corpo ensanguentado, ele era a única pessoa na qual eu não queria ver, mas vê-lo chorando sobre meu corpo quase morto partiu os últimos pedaços do meu coração já quebrantado, e ele dizia com uma voz apertada.

 ----- Me perdoe Kylie eu não deveria ter te traído daquela forma, depois que você saiu correndo eu tentei te seguir, mas agora é tarde para desculpas.

Eu tentei impedi-lo, porém minha voz não saiu, e pude observar ele pegando o frasco de veneno que estava no pequeno baú e tomando todo o conteúdo de uma vez, suas ultimas palavras foram só a morte poderá me livrar deste sentimento de culpa, agora com este veneno que aos meus lábios me parece doce como o veneno de um escorpião deixo esta vida, adeus Kylie espero que nos encontremos novamente em outra vida, e enfim no silencio profundo daquele quarto escuro só restaram dois cadáveres que um dia foram apaixonados.


By: Pedro Sena

Nenhum comentário:

Postar um comentário